Embora eu goste muito de cinema, não concordo com o Severiano Ribeiro. Para mim, ler é que é a maior diversão. E além de livros, eu sempre gostei muito de ler revistas. Já colecionei Super Interessante, Game Power, Wizard; na minha adolescência, gastava os tubos comprando X-Men, Homem-Aranha, Witchblade, Gen13... Houve uma época em que eu chegava a comprar mais de 15 revistas por mês.
Enfim, a palha acabou de queimar, enchi o saco de gastar tanto dinheiro, e hoje só coleciono duas revistas, além de comprar alguma "avulsa" muito raramente. Uma revista que eu comecei a comprar lá em 1995 e sobreviveu até hoje é o tema deste post. A Dragão Brasil.
Se não me engano, comecei a comprar a DB pelo número 6. Na época eu jogava Mage e Werewolf, e vi um dos meus amigos comprando a publicação na saudosa banca do Paulinho (caraca, será que o Paulinho ainda está lá?). Não conhecia a revista, mas pedi para dar uma olhada e achei interessante. Resolvi comprar também. Não comecei a colecionar, comprava só alguns números esporádicos, que traziam matérias que me interessavam. Mais tarde, como eu já tinha quase todas mesmo, dei um jeito de comprar as que tinha "perdido" (e a mais difícil foi a no 15, que eu demorei quase um ano para conseguir). Por volta do no 30 eu já tinha a coleção completa, e estava colecionando.
Pois bem, eu parei de jogar RPG, parei de colecionar revistas, mas a DB ficou. Até hoje eu gasto uma parcela do meu dinheiro todo mês com ela. Mas por quê? Do que se trata?
Bem, como alguns já devem ter reparado, a Dragão Brasil é uma revista sobre RPG, aquele famoso jogo onde cada jogador interpreta um personagem, e um jogador chamado Mestre apresenta os desafios na forma de uma aventura. Já escrevi aqui sobre ele, procurem ali ao lado no Arquivo.
Na DB, todos os meses temos os últimos lançamentos de RPG no Brasil e nos EUA, alguns com resenhas, além de aventuras prontas para o Mestre que quiser poupar um pouco de tempo, e adaptações de histórias famosas, como filmes e anime. Se você quiser meter a porrada no Inu Yasha, a DB no 97 traz a ficha dele.
Apesar de comentar sobre todos os sistemas, para as adaptações são utilizados principalmente quatro: d20 (D&D), Storyteller (Vampire, Werewolf), GURPS (esse andava meio sumido, mas parece que agora voltou) e 3D&T. 3D&T, aliás, é o sistema "da casa", inventado por um dos editores e criadores da DB, Marcelo Cassaro, sob o nome de Defensores de Tóquio, um RPG satírico com heróis japoneses (Tokusatsu e Sentai), e depois adaptado para proporcionar a criação de aventuras em qualquer cenário, incluindo fantasia medieval.
Falando em fantasia medieval, a DB também possui seu cenário "oficial", Tormenta. De vez em quando são publicados livros para o cenário (alguns até em d20!) e regularmente temos matérias na revista sobre ele. Tormenta já é um dos cenários mais jogados no Brasil (se não o mais jogado) e é um dos mais interessantes que eu já vi, não devendo nada aos oficiais do D&D.
Além de RPG, a DB também fala de Card Games (tipo Magic: The Gathering), jogos de miniaturas (Mage Knight, Hero Clix) e RPGs de videogame (Final Fantasy, Star Ocean). De vez em quando também são publicados contos e histórias em quadrinhos. Como curiosidade, a Dragão Brasil tem este nome porque, quando começou, resolveu utilizar o nome Dragon, o mesmo da mais importante publicação norte-americana do gênero. Só que eles não eram uma versão brasileira da Dragon, e provavelmente foram obrigados a mudar de nome pela Dragon verdadeira. Assim, a partir do no 3, a revista passou a se chamar Dragão Brasil.
Para os padrões do mercado nacional, em se tratando de uma revista de uma editora pequena (a Talismã, que só publica mesmo a DB e suas edições especiais) a DB é uma revista muito profissional. Mesmo que alguns descontentes reclamem de vez em quando, todo o material é de alta qualidade. Se você joga RPG e não a conhece (o que deve ser meio difícil, já que ela é "a maior, melhor e única revista de RPG do Brasil") eu recomendo.
Atualização (29/05/2005): Marcelo Cassaro, Rogério Saladino e J. M. Trevisan saíram da Editora Talismã, foram para a Editora Mantícora, e estão em uma nova revista, a Dragonslayer. A Dragão Brasil agora é de responsabilidade da equipe do site RedeRPG. Inicialmente, acho que não vai ser uma mudança ruim. Afinal, duas revistas de RPG no mercado é sempre melhor que uma.
Atualização (21/11/2016): Pouco depois de ser passada para as mãos da RedeRPG, a Dragão Brasil, sem fazer sucesso, acabaria cancelada. Mas, para a surpresa de todos, este mês ela retornou em formato digital (pdf), e pelas mãos de seus criadores originais, Cassaro, Saladino e Trevisan, ajudados por outros profissionais competentíssimos como Leonel Caldela, Gustavo Brauner e Guilherme dei Svaldi. Para receber a nova revista todos os meses, basta fazer uma assinatura no site da Dragão Brasil no Apoia.se, sendo possível escolher entre três opções, com valores de 7, 11 e 20 Reais, e alguns mimos incluídos para quem assinar com mais de 7. Em breve, também estarão disponíveis para venda no mesmo site as edições anteriores (aparentemente, apenas as digitais, não as das Editoras Trama e Talismã).
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