quarta-feira, 8 de abril de 2009

Escrito por em 8.4.09 com 3 comentários

Streets of Rage

Há algum tempo, eu fiz aqui um post sobre o Mega Drive, o videogame de 16 bits da Sega. Desde então, tenho vontade de fazer um post sobre uma série de games que me proporcionou muitas horas de diversão, mesmo sem eu nunca ter tido um Mega Drive. Não, não é Sonic. É Streets of Rage.

Como eu já devo ter contado, aqui perto de casa tinha uma locadora de filmes e games na qual podíamos pagar um Real e jogar 15 minutos de Super Nintendo, Mega Drive ou Neo Geo (e só, quando os videogames mais novos chegaram, ela por algum motivo desistiu e voltou a ser apenas uma locadora de filmes). Um dos mais concorridos era Streets of Rage 2, que praticamente nem saía do console: quando um jogador (ou uma dupla, já que o jogo é "pra dois") terminava seu tempo, outro assumia - normalmente do início, já que o que estava deixando o lugar frequentemente resetava o console quando seu tempo acabava. Por causa disso, rolava uma espécie de competição para ver se alguém conseguiria zerar o jogo em quinze minutos - mesmo com a possibilidade de se pagar mais para jogar mais tempo. Não me lembro se alguém conseguiu.

Enfim, mesmo sem nunca ter tido um Mega Drive, graças a essa locadora e a um eventual amigo que tivesse um, eu joguei os três Streets of Rage quase até cansar, e só não cansei porque sempre achei os jogos muito divertidos, a ponto de lamentar que não houvesse uma versão Super Nintendo pra eu comprar e jogar em casa. Estando estes jogos dentre os meus favoritos, portanto, nada mais natural que eles mereçam um post aqui no átomo. E este post virá ao ar hoje!

Streets of RageO primeiro Streets of Rage (as "ruas da fúria"), que no original japonês se chamava Bare Knuckle (algo como "mãos nuas"), foi lançado em 1991, numa época em que os jogos de porrada com fase ainda eram mais populares que os de porrada sem fase, como Street Fighter II. Mas, diferentemente da maioria dos jogos neste estilo, ele foi lançado direto para um console caseiro, o Mega Drive, e não primeiro para arcades. Na verdade, Streets of Rage acabou foi fazendo o caminho inverso: sua imensa popularidade no Mega Drive é que faria com que a Sega lançasse uma versão para arcades, ainda no final de 1991.

A premissa do jogo era bastante simples: bastava escolher um de três personagens, e sair baixando o cacete em todo mundo que aparecesse pela frente. Nem precisava, mas o jogo também tinha uma história: era uma vez uma cidade pacífica e produtiva, que um dia foi dominada por um poderoso sindicato do crime. Sob a liderança de um homem conhecido apenas como Mr. X, o tal sindicato conseguiu se infiltrar no governo e na polícia, o que fazia com que seus negócios excusos fossem praticados sem qualquer aborrecimento por parte das autoridades. Irritados por não conseguirem convencer seus superiores da necessidade de se combater o crime organizado, três jovens policiais decidiram deixar a polícia, e resolver tudo com as próprias mãos.

Estes três jovens, evidentemente, são os personagens que podem ser escolhidos pelo jogador: Adam Hunter, o mais forte, mas mais lento; Blaze Fielding, a mais rápida, mas mais fraca; e o mais equilibrado e de certa forma personagem principal do jogo, Axel Stone. Os três, além de um repertório de socos, chutes e arremessos, e de armas improvisadas encontradas durante as fases, como barras de ferro, tampas de bueiro e garrafas, ainda podem contar com a ajuda de colegas policiais insatisfeitos, acionados através do botão A, que surgem em um carro, lançam napalm ou granadas que destróem todos os inimigos da tela, e voltam para a delegacia. Os policiais podem ser chamados uma vez por fase por vida, com usos extras podendo ser adquiridos através de um item que lembra um carrinho de polícia, e pode ser encontrado em algumas fases.

Ao todo, Streets of Rage tem oito fases, cada uma com um chefe desproporcionalmente grande se comparado aos demais personagens. No final do jogo, o jogador deverá enfrentar Mr. X em pessoa, e receberá uma oferta curiosa: se unir a ele como seu braço-direito. Se o personagem aceitar, o jogo terá um final diferente, o que fez com que Streets of Rage fosse talvez o primeiro jogo em seu estilo a ter mais de um final possível. Aliás, Streets of Rage tinha também uma espécie de "final secreto", obtido apenas no modo de dois jogadores, se um dos jogadores decidisse se unir a Mr. X e o outro não. Neste caso, ambos tinham de se enfrentar, e o final secreto seria exibido caso o que decidiu se unir ao vilão ganhasse a luta.

Além da versão arcade, o jogo também ganhou duas outras versões para os videogames de 8 bits da Sega, uma para o Game Gear, de 1992, e uma para o Master System, de 1993. Ao contrário do que normalmente acontecia, a versão Master System foi desenvolvida do zero, ao invés de ser simplesmente uma adaptação da versão Game Gear; além disso, a versão Game Gear era bem pior, com menos cores simultâneas na tela, apenas dois personagens disponíveis - Adam não estava presente - e apenas 6 das 8 fases. Pelo menos o jogo tinha um modo para dois jogadores simultâneos, usando um cabo link, algo que ficou de fora da versão Master System, que, para compensar, tinha um chefe inédito em uma das fases intermediárias.

Streets of Rage foi um grande sucesso, mas sua continuação seria um sucesso ainda maior. Lançado em 1992 também para o Mega Drive, Streets of Rage 2 trazia novos gráficos, maiores e melhorados, uma trilha sonora de primeira, e uma novidade interessante: ao invés do ataque especial de chamar a polícia, cada personagem tinha um número de golpes especiais poderosos, ao estilo dos golpes de Street Fighter II, e também acionados por uma sequência de botões. Ao invés de um número de usos limitado, estes especiais consumiam parte da energia do personagem quando usados, o que, de acordo com o estilo do jogador, podia fazer com que muitos especiais fossem usados a cada fase.

Streets of Rage 2Ambientado um ano após o primeiro jogo, Streets of Rage 2 traz novamente a ameaça de Mr. X, que, decidido a colocar a cidade novamente sob controle de seu sindicato do crime, sequestra Adam, e atrai Axel e Blaze para uma armadilha. Além de Axel e Blaze, dois outros personagens estão à disposição do jogador: o lutador de luta-livre Max Thunder (que foi renomeado Max Hatchett na versão lançada na Europa) e o irmão mais novo de Adam, Eddie Hunter (que se chamava Sammy no original japonês), mais conhecido como Skate. Mais uma vez, o jogo tem oito fases, cada uma com um chefe ao final; uma novidade, porém, é que agora todos os personagnes, inimigos comuns de fase e chefes, têm os nomes na tela, e todos têm uma barra de energia semelhante ao do personagem jogador, que indica quanto mais dano eles devem receber antes de serem nocauteados - no primeiro jogo, nenhum inimigo, nem os chefes, tinha o nome na tela, e apenas os chefes tinham barras de energia. O último chefe é mais uma vez Mr.X, mas desta vez há apenas um final possível, já que ele não oferece aos jogadores uma oportunidade de se unir ao sindicato do crime.

Assim como seu antecessor, Streets of Rage 2 também foi posteriormente lançado para arcades, Master System e Game Gear. As versões para Master System e Game Gear, porém, são totalmente diferentes da versão para Mega Drive, com novas fases, novos inimigos, gráficos piores, e sem a presença de Max.

Streets of Rage ainda ganharia uma segunda continuação, Streets of Rage 3, lançado em 1994 exclusivamente para o Mega Drive. Desta vez, Mr. X planeja substituir as principais autoridades da cidade por cópias robóticas indistinguíveis sob seu comando. Este plano é descoberto pelo cientista especialista em robótica Dr. Gilbert Zan, ele mesmo um ciborgue, que imediatamente chama Axel, Blaze e Skate para ajudá-lo a pôr um fim nos planos de Mr. X de uma vez por todas.

Não se pode dizer que a Sega não se esforçou para fazer deste um jogo bom. Para começar, mais uma vez eram quatro os personagens disponíveis ao jogador, Axel, Blaze, Skate e Zan, cada um com seus golpes especiais próprios. Além disso, agora as armas encontradas ao longo do jogo podiam ser usadas para aplicar golpes normais ou especiais - Zan convertia as armas em energia e disparava bolas de plasma enquanto estivesse "armado" - e os golpes especiais não mais drenavam a energia dos personagens, mas uma barra especial, conhecida como power meter; uma vez vazio, o power meter se enchia de novo lentamente, e, nesse período, os golpes normais do personagem causavam menos dano, e eles tomavam mais dano dos ataques do oponente. Outras novidades incluíam a possibilidade de ataques em equipe no modo de dois jogadores - como um em que um personagem arremessava o outro na direção dos inimigos, derrubando-os - e as power stars, que aumentavam o dano causado pelos especiais: a cada 40.000 pontos ganhos em uma mesma vida, um personagem adquiria uma power star, até um máximo de três, e perdia uma cada vez que perdesse uma vida.

Streets of Rage 3 também foi o primeiro da série a trazer personagens secretos: Shiva, que no jogo anterior era guarda-costas de Mr. X, e neste também é o chefe da primeira fase; e Roo (Vicky no Japão), um canguru boxeador que é o subchefe da segunda fase. Ambos têm seus próprios ataques e especiais, mas não podem usar armas. Streets of Rage 3 também tem quatro finais diferentes: um obtido no nível de dificuldade mais fácil, um onde os jogadores não conseguem salvar o prefeito sequestrado por Mr. X, um onde o prefeito é salvo mas uma bomba explode antes de Mr. X ser derrotado, e o "final completo", onde os jogadores salvam o prefeito, derrotam Mr. X e desarmam a bomba.

Curiosamente, Streets of Rage 3 possuía um grande número de diferenças em relação a Bare Knuckle III, seu original japonês. Originalmente, o enredo do jogo envolvia um novo tipo de explosivo desenvolvido pelo Dr. Zan e roubado por Mr. X, que sequestra um general e o substitui por um impostor, para envolver o mundo em uma guerra; os jogadores, então, têm de salvar o general, rumar para a Casa Branca, e desarmar a bomba que usa este novo tipo de explosivo. Na versão norte-americana, a bomba ainda existe, mas a trama do explosivo é substituída pela dos clones robóticos, e o general pelo prefeito, com os jogadores rumando para a prefeitura (que é igualzinha à Casa Branca) após salvá-lo. Além disso, as roupas de algumas inimigas foram mudadas por lembrarem roupas de dominatrix, e as cores das roupas de Axel e Blaze foram mudadas. Mas o mais curioso foi a remoção de um terceiro personagem secreto, Ash, que também era o subchefe da primeira fase. A remoção ocorreu porque Ash, um estereótipo de homossexual, vestido com uma roupa extravagante roxa e verde, cheio de poses afeminadas e de voz fina, foi considerado ofensivo ao público gay. Bare Knuckle III também é considerado mais fácil de se terminar que Streets of Rage 3, embora a diferença entre a quantidade de dano causada e recebida com o power meter cheio e vazio seja mais acentuada no jogo japonês.

Streets of Rage 3Apesar de não ser um jogo ruim, Streets of Rage 3 não fez sucesso, o que foi atribuído ao declínio dos jogos de porrada com fase, que em 1994 já não chamavam mais atenção. Por causa disso, a série foi interrompida, sem que novos títulos fossem lançados para outros videogames da Sega.

Ainda assim, foram feitas duas tentativas de se lançar novos Streets of Rage para consoles mais modernos, ambas com gráficos 3D. A primeira foi para o Saturn, quando a Sega delegou à Eidos, de Tomb Raider, a tarefa de criar um Streets of Rage 4; como o jogo acabou sem ter muito a ver com os anteriores, e ainda por cima foi desenvolvido também para o Playstation, a Sega acabou revogando o direito ao nome, e a Eidos o lançou com o nome de Fighting Force.

A segunda tentativa foi logo após o lançamento do Dreamcast, quando a própria Sega decidiu desenvolver um demo de um possível Streets of Rage 4, onde Axel lutava contra vários inimigos. Sem acreditar que apenas o nome seria suficiente para alavancar as vendas, e achando que o estilo de jogo já tinha dado o que tinha de dar, a direção da Sega não deu a luz verde, e o projeto foi abandonado.

Mas, mesmo após 15 anos do lançamento de seu último título, Streets of Rage continua sendo uma franquia popular. Não é difícil encontrar na internet fangames para Windows. O mais promissor é Streets of Rage Remake, que, apesar do nome, é ambientado um ano após Streets of Rage 3, e traz todos os seis personagens da série à disposição do jogador.

Pelo lado oficial, a Sega lançou, em 2008, exclusivamente no Japão, Bare Knuckle Mobile, um remake do primeiro Streets of Rage, com gráficos de alta definição, alguns novos inimigos e duas novas fases, e que pode ser jogado em alguns modelos de telefones celulares. Ainda não há notícias sobre se o jogo será lançado fora do Japão ou se os outros dois jogos também serão refeitos, mas pelo menos é uma prova de que ainda é possível que sejam lançados novos títulos para a série.

Na minha opinião, Streets of Rage é uma das maiores provas de que, para ser bem sucedido, um game tem de ser divertido. Afinal, usando uma fórmula que não era exatamente original, o jogo conseguiu angariar milhares de fãs, e permanecer vivo por quase vinte anos.

3 comentários:

  1. Anônimo21:16:00

    gostaria muito que lancasse a versão oficila de street of rage 4.pois eu acompanhei a sere desde do street of rage 1 .para completar ,só falta o sor4.quando voces tiverem real resultado do strret of rage 4 ,pir favor coloque logo site para poder baixar.sei que tera uma versão disponivel de street of rage 4 para pc.obrigado.

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  2. Há a versão Streets of Rage Remake, recomendada para todos of fãs!

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