sábado, 2 de junho de 2007

Escrito por em 2.6.07 com 12 comentários

Batman (II)

Semana passada, eu fiz aqui um post sobre Batman. No finalzinho, falei rapidamente sobre a vida do Homem-Morcego fora dos quadrinhos, em desenhos, filmes e seriados. Meu intuito era aproveitar e comentar sobre os filmes, mas o post já estava grande demais, então eu só os citei. Hoje, o assunto será retomado, desta vez com a carreira cinematográfica do Cavaleiro das Trevas!

Batman é um dos super-heróis que tem mais filmes produzidos - se você contar o filme baseado no seriado da década de 60, são seis, e mesmo que não conte, só o Super-Homem também tem cinco filmes. E uma coisa que eu acho muito interessante nestes filmes é que eles são todos completamente diferente uns dos outros. Você até pode achar semelhanças nos dois filmes do Tim Burton, mas há de concordar que o segundo é bem mais "Tim Burton" do que o primeiro. O mesmo acontece com os dois de Joel Schumacher, o segundo é bem mais tosco que o primeiro, quase no mesmo nível da série de TV. E Batman Begins, que quis recolocar tudo nos eixos, é considerado por muitos o filme de super-heróis mais "sério" já feito.

Pois bem, diante de todas estas contradições, vamos começar uma breve análise dos filmes. Exceto do primeiro, lançado em 1966, após o final da primeira temporada da série de TV, com Adam West e Burt Ward como Batman e Robin, combatendo um ataque conjunto de seus quatro principais vilões, o Coringa (Cesar Romero), o Charada (Frank Gorshin), o Pingüim (Burgess Meredith) e a Mulher-Gato (Lee Meriwether), que planejam dominar o mundo com a ajuda de um submarino roubado e um raio desidratante, que tranforma as pessoas em pó. Eu não me recordo de já ter visto este filme, mas também não faço muita questão, e irei desconsiderá-lo neste post. Ou não, já que acabei de fazer um resumo dele.

BatmanEnfim, o primeiro filme de Batman que conta foi lançado em 1989, com o título simplesmente de Batman. Na época, a DC Comics já fazia parte da Time Warner, de forma que a Warner Bros. seria o estúdio a produzir o filme. O intuito da Warner era distanciar o máximo o filme da série dos anos 60, à qual Batman já estava incomodamente associado por aqueles que não acompanhavam os quadrinhos. O projeto previa um filme mais sombrio, mais adulto, inspirado nas histórias originais das décadas de 30 e 40, mas mais parecido com as histórias que ajudaram a popularizar Batman na década de 80. Esta foi a intenção anunciada do estúdio, mas pouca gente acreditou nela, principalmente quando foi anunciado que o ator Michael Keaton, tradicionalmente escalado para comédias, faria o papel de Batman. "Pior ainda", o diretor seria Tim Burton, que também havia dirigido comédias como Os Fantasmas se Divertem (com Keaton no elenco) e A Grande Aventura de Pee Wee.

O filme, evidentemente, foi tomado por um grande descrédito. Para debelá-lo, a Warner produziu em tempo recorde um teaser trailer, aqueles trailers pequenininhos e que não mostram quase nada, mas servem para a gente ter uma idéia do que vem por aí. Apesar das filmagens mal terem começado quando o teaser foi liberado, ele já mostrava que o Batman do novo filme não teria nada a ver com o da série. Os fãs dos Estados Unidos então se renderam, e passaram a esperar com grande expectativa. Muitos deles, inclusive, compraram ingressos para sessões que exibiriam o teaser só para assisti-lo, sem se importar com qual fosse o filme. Nos meses que antecederam o lançamento, a América foi tomada por uma "batmania", com o logotipo de Batman aparecendo em todo o tipo de merchandising, como camisetas, bonés, chaveiros, e até cereais matinais. Para capitalizar sobre o filme, a Warner convidou Prince, um dos artistas mais famosos da época, para gravar sua trilha sonora, e Danny Elfman para criar a música-tema do herói.

Batman foi lançado em 23 de junho de 1989, aclamado pela crítica e pelo público - principalmente pelos fãs de Frank Miller - se tornou o filme mais bem sucedido de 1989, e ganhou até um Oscar, de melhor direção de arte. Como nenhum filme é uma unanimidade, porém, muitos críticos reclamaram que o roteiro era bobo, e muitos fãs reclamaram que Batman mata pessoas no filme, enquanto nos quadrinhos ele é conhecido por ser um herói que não mata.

A história envolvia a luta de Batman (Keaton) contra seu maior aqui-inimigo, o Coringa (interpretado com maestria por Jack Nicholson). No início do filme, Batman é algo como uma lenda urbana, e luta contra os criminosos à noite para suprir a carência da polícia, em sua maior parte corrupta e nas mãos do chefão do crime Carl Grissom (Jack Palance). O Coringa, antes de se tornar um supervilão, se chama Jack Napier, e é o braço-direito de Grissom. Enviado para uma emboscada após Grissom descobrir que ele tem um envolvimento romântico com sua namorada, Napier acaba sendo derrubado por Batman dentro de um tonel de produtos químicos, e, ao invés de morrer, fica insano e com o rosto deformado, parecido com um palhaço com um sorriso maníaco. Assumindo a identidade de Coringa, o vilão contamina vários produtos de beleza e higiene pessoal com compostos químicos que, uma vez combinados, fazem com que a pessoa que os usou morra em meio a um ataque de riso e com um sorriso deformado no rosto.

CoringaAo longo do filme também descobrimos que Batman é, na verdade, o milionário Bruce Wayne, cujos pais foram mortos quando criança, e que vive em sua enorme mansão, onde dá algumas festas de vez em quando, com seu fiel mordomo Alfred (Michael Gough). Wayne acaba se envolvendo romanticamente com a fotojornalista Vicki Vale (Kim Basinger), que vem a Gotham fazer uma reportagem sobre Batman. O Coringa também se apaixona por Vale, e decide seqüestrá-la, mas é impedido da primeira vez por Batman, e da segunda pelo próprio Wayne, que acaba descobrindo que foi Napier quem matou seus pais quando ele era criança, dando origem ao trauma que faria com que ele passasse a combater o crime fantasiado de morcego (outro ponto muito criticado pelos fãs, mas compreensível do ponto de vista cinematográfico). No clímax do filme, o Coringa arma uma armadilha para Batman, mas é derrotado pelo herói, que deixa com a cidade o Bat-Sinal, um imenso holofote com seu símbolo, que deve ser aceso e apontado para o céu toda vez que a cidade precisar dele.

O enorme sucesso de Batman levou a uma inevitável continuação. Batman Returns (Batman: O Retorno, por aqui) seria lançado em 1992, novamente com Burton na direção e Keaton intepretando Batman. Este segundo filme, porém, seria bem mais parecido com o estilo consagrado de Tim Burton - ruas escuras, figurino vitoriano, neve, essas coisas - o que também significava que ele seria bem mais sinistro, e bem menos apropriado às crianças. Nos Estados Unidos, o filme foi classificado como PG-13 (menores de 13 anos devem ser acompanhados pelos pais), e gerou muitos protestos da Associação de Pais da América, principalmente quando o McDonald's decidiu dar bonequinhos de Batman, Pingüim, Mulher-Gato e Batmóvel como brindes no McLanche Feliz, o que fez com que muitas crianças quisessem ver o filme. Muitos dizem que foi esta contradição - um filme tenebroso demais para um personagem com apelo infantil - que acabou tirando Burton do projeto, e levando a Warner a substituí-lo para o filme seguinte. Muitos fãs também se declararam nada satisfeitos com a representação dos personagens principais no filme - o Pingüim é um sociopata homicida, a Mulher-Gato é mentalmente desequilibrada, Bruce Wayne é deprimido e melancólico, e Batman não demonstra remorso ao matar criminosos, até esboçando um sorriso ao explodir um deles com uma bomba - algo que levou muitos a reclamarem que o filme era mais um filme de Tim Burton do que um filme de Batman.

Este segundo filme se passa na época de Natal, e põe Batman contra dois oponentes, o Pingüim (Danny DeVito), na verdade Oswald Cobblepot, filho de uma das mais ricas famílias de Gotham, mas que foi abandonado quando bebê por ter nascido deformado; e a Mulher-Gato (Michelle Pfeiffer), na verdade Selina Kyle, uma secretária que, ao descobrir um plano malévolo do patrão, é defenestrada e aparentemente morre, mas é traziada de volta à vida pela lambida de vários gatos. Meio lelé, ela decide vestir uma roupa de couro e sair por aí cometendo atos ambíguos, como salvar uma mulher de um assalto e explodir uma loja de departamentos. Mas, para muitos, o maior vilão do filme é o megaempresário Max Shreck (Christopher Walken), envolvido em vários negócios excusos, e que planeja construir uma usina nuclear que não beneficiará ninguém a não ser ele mesmo (o tal plano malévolo que Selina descobre).

O Pingüim chantageia Shreck para que este o ajude a voltar para a alta sociedade de Gotham, e faz uma aliança com a Mulher-Gato para incriminar Batman por um assassinato e colocar a cidade contra o herói. Wayne se envolve romanticamente com Selina, sem que um saiba da identidade secreta do outro. No final, o Pingüim revela um plano maligno para matar todos os os primogênitos das famílias ricas da cidade, em vingança por ter sido abandonado por seus pais. Após uma dramática batalha, o Pingüim, Shreck, e aparentemente a Mulher-Gato, morrem, mas Bruce não consegue encontrar o corpo de Selina, e uma auspiciosa aparição no finalzinho deixa no ar que ela talvez tenha sobrevivido.

Mulher-Gato e PingüimApesar de todas as reclamações, Batman Returns não foi um fracasso. Na verdade, foi o terceiro filme mais rentável de 1992, o que motivou a Warner a assinar com Burton para uma nova seqüência. No terceiro filme, Burton planejava usar como vilão o Charada, talvez trazer de volta a Mulher-Gato, e ainda trazer Robin para os filmes. Muitos dos atores já haviam sido contratados e grande parte do roteiro já estava pronta quando a Warner, receosa quanto às reclamações que o segundo filme havia recebido, e vendo que o terceiro seria no mesmo estilo, resolveu mudar tudo. Burton foi substituído por Joel Schumacher - embora seu nome apareça em primeiro nos créditos, como uma forma de "compensação" - com ordens para fazer um filme mais "leve" e apropriado para todos os públicos. Schumacher manteve o Charada e Robin, mas decidiu trocar a Mulher-Gato pelo vilão Duas-Caras, e convidou Nicole Kidman para ser o novo interesse romântico de Bruce Wayne. Michael Keaton, descontente com as alterações no roteiro, não teve interesse em interpretar Batman mais uma vez, e acabou sendo substituído por Val Kilmer, algo que gerou muita preocupação entre os fãs, e acabou resultando em críticas desagradáveis, segundo as quais embora Kilmer tivesse um físico apropriado para interpretar Batman, teria se saído muito mal no papel de Bruce Wayne.

O terceiro filme, chamado Batman Forever (aqui Batman Eternamente), estrearia em 1995, e geraria reações das mais variadas possíveis. Houve quem gostasse do filme ter se tornado mais leve, houve quem reclamasse que os dois originais é que estavam no caminho certo, houve quem achasse que os vilões estavam cômicos demais - Duas-Caras é tão lunático que parece até o Coringa, e o Charada é Jim Carrey, nada mais precisa ser dito. Para a felicidade da Warner, essas reações contraditórias não afetaram o desempenho do filme, que se tornou o segundo mais assistido de 1995, perdendo apenas para Toy Story. Pessoalmente, eu não acho esse filme ruim, e a única coisa que eu não gosto foi que trocaram Keaton por Kilmer (ok, tem duas coisas que eu não gosto, a segunda é um close na bunda do Batman quando ele está vestindo o uniforme). Os fãs em geral gostaram de Batman voltar a ser um herói que não mata, e de Bruce Wayne ser retratado como um playboy milionário da alta sociedade ao invés de um recluso. As principais reclamações se ativeram a uma cena em que Duas-Caras joga uma moeda repetidas vezes até sair o resultado que lhe interessa, algo impensável nos quadrinhos, onde ele sempre se conforma com o resultado de suas jogadas.

Aliás, existem duas curiosidades interessantes sobre o personagem de Duas-Caras: antes de se tornar vilão, ele era o promotor público Harvey Dent, desfigurado após ser atacado com ácido por um criminoso, tendo depois deste acidente desenvolvido dupla personalidade, uma boa e uma ruim, e se sentindo obrigado a, diante de situações que requeiram uma escolha, jogar uma moeda de duas caras, sendo um lado riscado, e, se o lado riscado caísse para cima, ele agiria "para o mal"; caindo o outro, agiria "para o bem". A primeira curiosidade é que Harvey Dent apareceu no primeiro filme de Burton, onde foi interpretado por Billy Dee Williams, o Lando Clarissian de Star Wars. O contrato de Williams possuía uma cláusula play or pay, segundo a qual a Warner seria obrigada a escalá-lo para o papel de Harvey Dent em todas as possíveis continuações de Batman. Como o estúdio não tinha interesse em usá-lo em Batman Forever, teve que lhe pagar uma gorda indenização. Além disso, no filme, Duas-Caras é muito mais esquizofrênico, chegando ao ponto de se referir a si mesmo no plural ("nós"); para refletir esta dupla personalidade, ele tem duas namoradas, uma angelical, vestida de branco e chamada Sugar ("açúcar"), e uma mais "heavy metal", vestida de preto e chamada Spice ("tempero"). A curiosidade é que Sugar é interpretada pela atriz Drew Barrymore, que depois até andou sendo cotada para interpretar a Arlequina em um futuro filme.

Charada e Duas-CarasPois bem, neste filme, Batman (Kilmer), além de ter que lidar com Duas-Caras (Tommy Lee Jones), que o culpa pelo acidente que o transformou e quer vingança, ainda terá pela frente o Charada (Jim Carey), na verdade Edward Nygma, um ex-fuincionário das Indústrias Wayne que inventou uma máquina que transmite ondas de televisão diretamente para o cérebro dos espectadores, fazendo com que eles se sintam dentro dos programas de TV, mas teve seu pedido de mais verbas para o projeto negado após Bruce Wayne considerá-lo perigoso por manipular ondas cerebrais. Ao testar seu invento, Nygma descobre que ele tem o efeito colateral de deixá-lo mais inteligente conforme outras pessoas o usam, e aparentemente enlouquece, decidindo se vingar de Wayne por ter sido desacreditado. Mais tarde, ele se alia a Duas-Caras para conseguir dinheiro para financiar a construção de mais unidades de seu invento (traduzido no cinema como "nygmascópio", mas que no DVD virou só "a caixa", já que em inglês é "the box"), oferecendo, em troca, utilizá-lo para que ambos descubram a identidade secreta de Batman.

Além de combater os vilões, Batman ainda tem o desafio de acolher Dick Grayson (Chris O'Donnell), filho mais novo de uma família de trapezistas conhecida como "Os Graysons Voadores", morta durante um ataque de Duas-Caras ao circo, cujo intuito era fazer com que Batman revelasse sua identidade secreta. Se identificando com a dor de Grayson, Wayne o acolhe em sua mansão, mas tudo o que o jovem deseja é vingança, e, após acidentalmente encontrar a Batcaverna, exige que Batman o aceite como seu parceiro, algo que ele reluta até o final em fazer, quando Grayson adota o codinome de Robin e se une a Batman para derrotar os vilões. Bruce Wayne também se envolve romanticamente com a psicóloga Chase Meridian (Nicole Kidman; parece nome de banco), trazida à cidade para ajudar a polícia a lidar com Duas-Caras, mas que acaba se interessando por Batman.

O sucesso do filme estendeu a franquia para mais um título: com um elenco estelar, Joel Schumacher voltaria à direção para Batman & Robin, de 1997. Confesso que este foi o filme que eu aguardei mais ansiosamente; afinal, ele tem Arnold Schwarzenegger e Uma Thurman, dois dos meus atores favoritos, no elenco. Também confesso que foi o filme que mais me decepcionou. Felizmente, eu não estou sozinho.

O filme começa com Batman (George Clooney, um superastro na época devido ao seu sucesso na série Plantão Médico) e Robin (O'Donnell), já com sua parceria bem sólida, tendo de enfrentar o Sr. Frio (Schwarzenegger), na verdade Victor Fries, um cientista ganhador do Prêmio Nobel e ex-atleta olímpico (!), que buscava a cura para sua esposa, afligida por um mal raro, quando sofreu um acidente que o tornou dependente de baixíssimas temperaturas. Para sobreviver, o Sr. Frio tem de usar uma armadura que o mantém congelado, e usa diamantes como combustível, diamantes estes que ele rouba, atraindo a atenção da Dupla Dinâmica. O Sr. Frio ainda tem um segundo plano, roubar vários diamantes bem grandões para criar uma máquina capaz de congelar toda Gotham, e então pedir um gordo resgate para poder financiar a pesquisa em busca de uma cura para a "Sra. Frio" (a supermodel Vendela Thomessen).

Mais tarde, dois outros vilões se unem ao Sr. Frio: a Hera Venenosa (Uma Thurman), na verdade a cientista Pamela Isley, que virou uma espécie de mulher-planta com beijos tóxicos após ser inoculada com os mais mortais venenos do mundo animal e vegetal ao descobrir que o cientista para o qual trabalhava era corrupto e queria vender o resultado de suas pesquisas para teroristas; e Bane (Jeep Swenson), um criminoso comum que ganhou superforça após ter injetada a substância na qual a Dra. Isley trabalhava em seu cérebro, e acabou virando uma espécie de guarda-costas de Hera, que pouco faz além de falar frases de uma só palavra e distribuir porradas. Com seu incrível poder de sedução, a Hera Venenosa colocará Batman e Robin um contra o outro, e ainda convencerá o Sr. Frio a ajudá-la (bem, isso ela fez convencendo-o de que Batman havia matado sua esposa), destruindo a humanidade ao congelar o mundo, para que ela o repovoe com plantas inteligentes.

Sr. Frio e Hera VenenosaAlém disso, Batman e Robin ainda têm um terceiro problema: Alfred (Gough) está morrendo, vitimado pela mesma doença da Sra. Frio, e traz sua sobrinha Barbara (Alicia Silverstone, outra superstar da época devido a suas aparições nos clips da banda Aerosmith) da Inglaterra, para que ela o ajude a encontrar seu irmão Wilfred, que tomará seu lugar como mordomo da Mansão Wayne. Barbara lê sem autorização um dossiê que Alfred preparou explicando todo o necessário para que alguém seja mordomo de Batman, e decide ela mesma se tornar uma combatente do crime, sob a alcunha de Batgirl.

Pode parecer bom, mas infelizmente não é. Esse filme é errado. Ele é muito mais pastelão que os anteriores, parecendo-se muito mais com a série dos anos 60. Algumas cenas são ridículas, como quando Batman e Robin revelam lâminas de patins de gelo sob suas botas que convenientemente os ajudaram a derrotar o Sr. Frio no museu. A interpretação de Uma Thurman está muitos degraus acima do tom, como se o filme fosse uma comédia infantil. Bane, que nos quadrinhos é um gênio capaz de falar vários idiomas e de deduzir a identidade secreta de Batman, só serve para quebrar coisas e obedecer ordens. E George Clooney consegue passar o filme todo com a mesma cara, com ou sem máscara. O resultado de tal espetáculo de horror foi o filme ter se tornado um fracasso de público e crítica tão grande que afundou a carreira de Joel Schumacher, que levou anos até gravar um novo filme de bom orçamento. Quatro dos cinco atores principais do filme também deixaram de ser chamados para filmes importantes - Silverstone saiu de vez do primeiro time, O'Donnell está tentando fazer carreira em seriados de TV, e apenas recentemente Clooney e Thurman voltariam a ser aclamados; o único que se salvou foi Schwarzenegger. Mas tudo isso também teve um lado bom: o de mostrar ao mundo como não deve ser feito um filme de super-herói.

O fracasso retumbante de Batman & Robin, nas palavras de Clooney, matou a franquia. O quinto filme, que traria novamente Batman, Robin e a Batgirl enfrentando o Espantalho, interpretado por Howard Stern, e a Arlequina, interpretada por Madonna, felizmente foi cancelado. Quase dez anos se passariam até que a Warner se animasse a fazer um novo filme de Batman, estimulada pelo sucesso dos novos filmes dos heróis Marvel, como X-Men e Homem-Aranha. Somente em 2005 Batman voltaria às telas, com o novo título Batman Begins.

Dirigido por Christopher Nolan, Batman Begins (literalmente "Batman Começa"), ao invés de uma seqüência, é um novo começo para a série, contando desde quando Bruce Wayne perdeu seus pais até ele se tornar o Cavaleiro das Trevas, derrotar seu primeiro vilão, e passar a herói oficial da cidade. Curiosamente, é o primeiro filme de Batman que faz isso, já que nos demais a morte do casal Wayne só é mostrada em curtos flashbacks. Também é o filme mais sério de todos, e considerado por muitos o filme de super-heróis mais "adulto" já feito. Em comum com os anteriores, só o elenco estelar: Michael Caine (Alfred), Morgan Freeman (Lucius Fox), Gary Oldman (um jovem Comissário Gordon, ainda sargento), Liam Neeson (Ducard), Ken Watanbe (Ra's al-Ghul), Katie Holmes (Rachel Dawes), Cillian Murphy (Espantalho) e Rutger Hauer (William Earle). Por incrível que pareça, o mais desconhecido é justamente Christian Bale, que interpreta Batman.

Batgirl, Batman e RobinComo já foi dito, o filme começa na infância de Bruce Wayne, quando seus pais são mortos pelo bandido Joe Chill (Richard Brake), deixando-o traumatizado. Wayne é criado por Alfred, mas cresce rancoroso e com desejo de vingança. Já adulto, ele planeja matar Chill, que teve sua pena de prisão suspensa em troca de testemunhar contra o criminoso Carmine Falcone (Tom Wilkinson). Chill, porém, é morto a mando do próprio Falcone, e Wayne, desiludido com a vida (e após também tomar uma piaba de Falcone), decide vagar pelo mundo em busca de um propósito. Nesta viagem, ele conhece Ducard, que o apresenta a uma liga de vigilantes comandada por Ra's al-Ghul. Com eles, Wayne treina artes marciais até se tornar um mestre, mas discorda de seu teste final, e acaba destruindo seu quartel general antes de fugir.

Ao retornar, Wayne encontra Gotham dominada por Falcone, e decide fazer algo a respeito. Ao invés de se tornar um político, porém, ele decide utilizar sua imensa fortuna para criar uma armadura com a qual causará o medo no coração dos criminosos. Já como Batman, ele começa a combater os negócios excusos de Falcone, mas acaba descobrindo algo ainda maior no processo: o cientista Jonathan Crane, que se auto-entitula Espantalho, estaria contaminando a água de Gotham com um poderoso alucinógeno. Ao longo de sua investigação, Batman acaba descobrindo que quem está por trás de tudo é ninguém menos que Ra's al-Ghul.

O filme foi um sucesso de público e crítica, e Bale foi aclamado como o melhor Batman de todos. Seu sucesso fez com que a Warner já reservasse Nolan e Bale para uma seqüência, The Dark Knight (que, se traduzirem, vai virar "O Cavaleiro das Trevas"), que estreará em 2008. Como Batman Begins começou tudo de novo, neste "segundo" filme teremos mais uma vez como vilão o Coringa, desta vez interpretado por Heath Ledger. Caine, Freeman e Oldman também já foram confirmados para reprisar seus papéis, mas Katie Holmes foi trocada por Maggie Gyllenhaal no papel de Rachel Dawes. Outra novidade do filme é que ele traz Harvey Dent, interpretado por Aaron Eckhart. Se no futuro teremos um filme com Duas-Caras, só o tempo dirá.

Enfim, Batman é um herói de muitos filmes, mas todos diferentes. Eu gostaria de dizer que gosto de todos eles, mas não consigo. Se eu mandasse alguma coisa nesse planeta, Michael Keaton teria interpretado Batman em todos, Batman Forever e Batman & Robin teriam mantido o clima sério, Batman Begins acabaria onde Batman começa, e ano que vem teríamos uma nova seqüência, chamada Batman Again, onde Batman, Robin e a Batgirl enfrentam o Chapeleiro Louco e a Arlequina (interpretada por Drew Barrymore).

Pensando bem, ainda bem que eu não mando nada.

12 comentários:

  1. Anônimo19:29:00

    por que voce matou a mulher-gato.

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  2. Eu não matei, leia com atenção:

    "(...) o Pingüim, Shreck, e aparentemente a Mulher-Gato, morrem, mas Bruce não consegue encontrar o corpo de Selina, e uma auspiciosa aparição no finalzinho deixa no ar que ela talvez tenha sobrevivido"

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  3. Anônimo18:41:00

    tambem concordo sobre a hera venenosa mas Uma Turmam ficou perfeita,me responda.

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  4. Eu adoro a Uma Thurman, mas nesse filme ela errou a mão. Se for para julgar a aparência, entretanto, concordo, ela ficou bem de Hera Venenosa.

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  5. Anônimo20:16:00

    Eu acho que o proximo filme do Batman deveria ser feito com a Hera Venenosa e a Arlequina.Oque voce acha Guil?

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  6. Anônimo18:04:00

    GUIL MANÉ,VA SE DANAR PANACA.

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  7. Se o mesmo anônimo fez os dois comentários acima, e se o segundo foi decorrência de eu não ter respondido o primeiro, gostaria de dizer três coisas:

    1 - Eu não sou obrigado a responder comentários em prazo certo. Tenho vida própria além desse blog. Problemas aqui em casa, alguns deles causados pelo dilúvio que caiu no Rio de Janeiro de segunda para terça-feira, fizeram com que eu só conseguisse ver essa pergunta hoje na hora do almoço, e decidisse responder quando estivesse menos atarefado. Aí depois eu esqueci, e "lembrei" agora, quando chegou o segundo comentário.

    2 - Não custa nada assinar o nome ao fazer um comentário. Evita que você leve a bronca por algo que não fez, se for o caso.

    3 - Eu bem gostaria de ver a Arlequina em um filme do Batman, mas acho que ela e a Hera Venenosa como vilãs não combina com a proposta do Nolan para a franquia.

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  8. Anônimo19:56:00

    NÃO SABIA QUE MORAVA NO RIO GUIL

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  9. Anônimo21:31:00

    Muito bom o seu blog Guil,mas que se tratando de Batman,você errou feio ,me responda quando perceber esses erros,abraços
    anônimo.
    ps:tente não falar tanto de um só filme,vai melhorar,ou quase.

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  10. Anônimo21:33:00

    Guil você tem 33 anos?

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  11. Anônimo12:52:00

    leeeeeeeegaaaaaaall e muito de+!

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  12. Anônimo19:45:00

    não gostei,tchau!

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